Sentir diferente

Design de interiores deveria ter disciplinas como: análise dos sentidos em projeto; ambientes restauradores...

Acredito que faz quatro anos que estou para iniciar este blog, um lugar que pudesse expor minhas leituras e conhecimento, mas principalmente minhas ideias futuras para a área de design de interiores. Quero explicar primeiro sobre o quê eu vou escrever com mais frequência, e porquê vocês deveriam ler. Você pode ser designer de interiores, arquiteto, um futuro cliente ou somente apaixonado por design, porém o que vou escrever por aqui será de interesse de todos, de pessoas que querem explicações mais humanas para resultados de interiores, processos de projeto novos e focados no bem-estar, possibilidade de novas metodologias para aprimorar a relação com o cliente e melhorar o resultado dos projetos, entre infinitos outros motivos. Estou aqui para pensarmos de forma mais humana e única os projetos de interiores, para estudarmos uma nova maneira de lidar com as dificuldades de projeto, mas focando sempre em transformar a vida do cliente em um apanhado de bem-estar e bem-viver. Ou seja, um blog para todos, pois quem habita algum lugar,  já está sob efeito dos assuntos que vou tratar. 

O meu processo se inicia após alguns anos de formada e insatisfeita com o modo como conduzia os meus projetos de interiores, e como os clientes também esperavam que fosse conduzido um projeto de interiores. Prazos apertados, pouco envolvimento com o cliente, falta de tempo e paciência por parte deles, e muita pressa em ver o projeto finalizado. Ao pressionar um projeto de interiores, perdemos o tempo precioso de poder absorver a fundo as reais necessidades de cada pessoa, de poder pensar com calma um projeto que, não só seja diferente dos demais, mas que seja especialmente particular dos demais, como são cada indivíduo em relação ao outro.

Em um turbilhão de processos infelizes e desagrados na forma como via os projetos sendo tratados, por outros escritórios de interiores também, procurei respostas que pudessem aumentar a qualidade das relações com o cliente, o entendimento de especificidades entre diferentes pessoas e suas necessidades e comportamentos, eu descobri a psicologia ambiental. Nessa linda descoberta, decidi ingressar em um mestrado para poder aprofundar melhor os meus conhecimentos, e reforçar que existem estudos teóricos importantíssimos para a área de interiores.

Design de interiores deveria ser um curso que abrange disciplinas como: englobando todos os sentidos em projeto; respondendo ao meio externo; layouts e comportamentos; texturas e materiais para o bem estar; particularidades do ser humano; necessidades por momento de vida; psicologia aplicada para lidar com clientes; sutilezas de cada arquitetura; projetando com história; luz natural e saúde; ventilação para qualidade de vida; ambientes restauradores; e por aí vai. Não apenas, projeto 1, 2… e profissionais criados sem carinho, sem saber o que é viver bem e pensar para o seu cliente viver cada dia melhor.

No mestrado pude entender com mais qualidade o que é pensar cientificamente, e que não, não se precisa excluir os aspectos subjetivos do viver para pensar de tal forma racional. Pois a área teórica de interiores se sustenta em aspectos subjetivos, em análises de sensações pessoais e pormenores improváveis das contingências de vida de cada pessoa. Por mais que se possa generalizar alguns aspectos de influencias de maiorias, como efeitos dos materiais sobre as pessoas, ou o que é esperado sentir com a presença de cada cor em um ambiente, existem infinitos mínimos detalhes que as generalizações deixam passar, que são os detalhes que tornam cada ser tão único e especial.

Foi nessa pequena síntese que começou a paixão pela psicologia ambiental e todo um universo que aos poucos contarei com mais detalhes para vocês, de como essa área pouco difundidade no Brasil, me levou a outro tema raro no país, a psicologia do design. Mas vamos por partes, teve muito estudo até lá…