AMBIENTES RESTAURADORES

Já imaginou se a nossa casa tivesse o poder de reduzir o estresse?

Não existe nada mais reconfortante que voltar para casa após um longo dia de trabalho, não é mesmo? Mas e se o nosso lar tivesse o poder de reduzir o estresse e restaurar a capacidade de atenção das pessoas que ali habitam? Sim, essa possibilidade é real e tem nome: Ambientes restauradores, já ouviu falar?

Sabemos que os nossos recursos mentais são esgotados durante o dia a dia e que as funções cognitivas são exigidas em altos níveis de eficiência, elevando assim, o estresse. Então vivemos em uma incessante tentativa de reestabelecer o equilíbrio da mente e restaurar o bem-estar próprio que foi tão desgastado.

A busca frequente pela manutenção da homeostase, o equilíbrio do corpo como um todo, é essencial e os princípios dos ambientes restauradores podem facilitar esse processo.

Não é mágica. Esses espaços são pensados meticulosamente para facilitar o processo e levar ao resultado restaurativo mais rápido, devido não apenas à remoção de demandas exigentes, mas também promovendo características ambientais dos espaços que trazem melhorias diretas, fazendo com que suas mentes se concentrem para o relaxamento e, consequentemente, aconteça uma “cura” a um estado equilibrado de paz de espírito.

Os princípios dos ambientes restauradores devem ser procurados e aplicados principalmente quando o indivíduo possui sintomas associados ao estresse, como irritabilidade, ansiedade e distração. A restauração acontece de forma suave, leve e imperceptível das funções cognitivas, exigindo pouco esforço mental, direcionando a atenção do espectador de forma involuntária.

Propriedades dos ambientes restauradores:

A primeira é a de afastamento ou escape -distância física das atividades intensas e agravantes do estresse. O segundo item é fascinação, o estar em um ambiente que permita a troca de atenção, onde essa passa involuntariamente a uma nova situação – mais tranquila e de relaxamento.

A extensão ou escopo também é fundamental. Uma sensação de conexão com o lugar onde se está presente -sentir-se pertencente ao novo ambiente. E, por fim, a compatibilidade, uma adequação entre os desejos pessoais e o ambiente que nos rodeia -compatível com as necessidades do momento de vida de cada um.

Para que um ambiente restaurador atue, essas quatro propriedades são indispensáveis. Porém, ainda, elas podem ser intensificadas por outros elementos como beleza e espiritualidade. A beleza é a essência do elemento

de fascinação em seu melhor uso; ela pode ser sutil e suave, mas primordial para uma restauração completa. E a espiritualidade é um aspecto importante, pois permite insigths sobre a vida e descobertas de dimensões pessoais que podem promover tranquilidade e maturidade em diferentes situações e problemas.

Os ambientes restauradores desencadeiam boas emoções e devem, para isso, abordar estímulos positivos para todos os sentidos. Englobando a preocupação com uma decoração pacífica, organizada e atraente, utilizando de obras de arte contemplativas e pontos focais de interesse para instigar a atenção e também permitir reflexões pessoais. Para uma restauração completa, a preocupação com o silêncio e com a alimentação saudável é importante, assim como o uso da psicologia das cores também é relevante para chegarmos no resultado desejado.

A utilização do conceito de biofilia nas áreas urbanas é um ótimo auxiliar no processo, pois a natureza por si só já é um ambiente extremamente restaurador. Ela contempla todas as propriedades de forma natural, porém não temos acesso a ela com tanta intensidade e frequência. Contudo, muitas vezes uma troca de ambiente já possui todos os elementos que se fazem necessários, são na maioria das vezes os retiros, as viagens e os spas por exemplo, que ajudam de forma duradoura e condizente com o processo restaurativo.

O conhecimento das características promotoras da restauração dos ambientes pode servir às pessoas individualmente, na busca por um estado de redução de estresse da vida corriqueira.

Fonte:

KAPLAN, Stephen. The restorative environment: nature and human experience. University of Michigan, 1992.

KAPLAN, Stephen et al. The monastery as a restorative environment. Journal of environmental psychology, 2005. Volume 25, Issue 2, Pages 175-188.